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CONVERSA COM FAUSTIN LINYEKULA, COREÓGRAFO CONGOLÊS, Parte 2- REFLEXÕES SOBRE A DANÇA CONTEMPORÂNEA EM ÁFRICA

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por Rose Mara Silva Fundador do Studios Kabako em Kisangani, República Democrática do Congo e co fundador da primeira Companhia de Dança Contemporânea da África do Leste, Faustin esteve na Mostra Internacional de Teatro de São Paulo (MIT-SP), com temporada de seu espetáculo A Carga (10 a 13 de março) e um workshop voltado para o público das artes cênicas, ambos vivências profundas tanto intelectual quanto artisticamente, entrelaçando questões filosóficas e artísticas da negritude contemporânea. Em uma conversa livre e tranquila pude conhecer um pouco mais sobre a obra e pensamento de Faustin, e divido com vocês a segunda parte desse rico diálogo . Q uem quiser saber o que conversamos na primeir a parte , só olhar as postagens anteriores . Rose: Há muitos artistas e intelectuais que afirmam que a arte contemporânea africana é uma “interferência” da forma de organização artística europeia, há mesmo quem diga que seja uma “imitação” da arte europeia... O que você p

CONVERSA COM FAUSTIN LINYEKULA COREÓGRAFO CONGOLÊS 1 - REFLEXÕES SOBRE A DANÇA CONTEMPORÂNEA EM ÁFRICA

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Po r Rose Mara Silva        Fundador do  Studios Kabako em Kisangani, República Democrática do Congo e co fundador da primeira Companhia de Dança Contemporânea da África do Leste, Faustin esteve na Mostra Internacional de Teatro de São Paulo (MIT-SP), com temporada de seu espetáculo A Carga (10 a 13 de março) e um workshop voltado para o público das artes cênicas, ambos vivências profundas tanto intelectual quanto artisticamente, entrelaçando questões filosóficas e artísticas da negritude contemporânea.     Em uma conversa livre e tranquila pude conhecer um pouco mais sobre a obra e pensamento de Faustin, e divido com vocês um pouco dessa rica interação em duas partes.     … Eu penso que o pequeno workshop ontem, já deu a possibilidade de se ter uma pequena percepção sobre a minha forma de trabalhar.     Se há algo para dizer num primeiro momento, é eu não sei o que é a dança africana, eu não sei o que é ser africano, e o meu trabalho serve para tentar achar uma respos

ALGUMAS NOÇÕES SOBRE O DESENVOLVIMENTO DA DANÇA CÊNICA EM ÁFRICA: PARTE 2

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O balé Merveilles de Guiné – Conversa com Mohamed Ifono  Por Rose Mara Silva     No texto anterior contextualizei um pouco sobre o movimento de formação da grandes companhias nacionais de dança cênica africana nos anos 1960 iniciado pel o Les Ballets Africaines na Guiné-Conacri, se você não leu o texto anterior seria interessante dar uma olhadinha nele para poder expandir as possibilidades de interpretações deste texto. A partir da conversa com o Mestre Mohamed Ifono vamos ter um panorama bem interessante sobre a repercussão da estruturação da dança cênica africana nesses grandes balés na Guiné-Conacri. O Mestre Mohamed Ifono, foi secretário geral, ensaiador, assistente de direção no Ballet Les Merveilles de Guiné, um produtor/artista dedicado que chegou a desempenhar mais de 6 funções dentro da organização e treino de bailarinos n a companhia durante 29 anos. E a partir de todas essas experiências ele nos lança novos horizontes sobre a história do desenvol

ALGUMAS NOÇÕES SOBRE O DESENVOLVIMENTO DA DANÇA CÊNICA EM ÁFRICA – PARTE I

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Por Rose Mara Silva É sempre complicado para nós, educados dentro da matriz de pensamento ocidental, compreender as complexidades dos povos de outros continentes, por vezes acabamos incorrendo em perigosas sínteses. Por isso entrego esse texto para seus olhos, caro leitor, com muito cuidado e atenção, e já inicialmente enfatizo que, mesmo estudando continuamente, eu também tenho uma compreensão limitada das coisas, e tentarei trazer aqui algumas questões abordadas na conversa com o Mestre Mohamed Ifono. Muito pouco se fala/sabe sobre o desenvolvimento da dança cênica africana, eu inclusive, tive professores na graduação (Bacharelado em Dança) que diziam “não existir” dança cênica em África, sendo assim, é necessário que muitos artistas e pesquisadores se debrucem sobre esse tema, pois ele carrega uma série de questões que possibilitam um melhor entendimento sobre os conhecimentos de contextos africanos para além dos domínios das artes. Um dos primeiros pontos à flexibiliza