AGRADECER E ABRAÇAR










Preciso mais uma vez expressar minha gratidão à todas as pessoas que contribuíram para que embarcaram nessa viagem comigo e se empenharam em estabelecer esta rede. Gratidão imensa!


No entanto, coloco aqui a necessidade de abraçarmos com mais força luta por políticas públicas para pesquisar e realizar trabalhos que evidenciem a cultura negra no Brasil. Temos a lei 10.639/03 que não está sendo aplicada como deveria exatamente pela “falta” de pesquisadores na área, apenas no Maranhão em 2015 se formou a primeira turma de um curso universitário voltado para o estudo das relações étnico raciais. Há cursos aqui e ali, mas o programa de pedagogia da maioria das universidades do Brasil não incluem nem um curso de extensão sobre a lei 10.639/03 e estratégias para sua aplicação. O que acontece? Não há falta de interesse por parte dos pesquisadores, simplesmente lhes falta meios de dar continuidade às suas pesquisas.


Do poder público tentei apoio dos seguintes órgãos sem nenhum sucesso: MINC – Ministério da Cultura, Fundação Palmares, Ministério da Educação, Secretaria Presidencial de Promoção da Igualdade Racial, Ministério das Relações Exteriores, Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, Secretaria Municipal de Promoção da Igualdade Racial de São Paulo, Secretaria Municipal de Direitos Humanos de São Paulo. Falei com pessoas de diferentes funções, divisões e instâncias, alguns foram atenciosos, outros nem responderam, no entanto, o poder público brasileiro não possui ferramentas de incentivo à investigação da cultura negra.


Enfim, acabei fazendo o financiamento coletivo que foi a melhor opção na situação e que ainda assim contou com apoio mínimo de pessoas e instituições ligadas diretamente a investigação e promoção da cultura negra, ou seja, falta-nos muito para conseguir políticas públicas, pois a luta para realizar nossos trabalhos é contínua, existe desde os tempos em que as rodas de jongo eram proibidas nas senzalas, no entanto o nosso senso de coletividade nesse momento também está está muito aquém do que fora outrora.


O Prêmio Funarte para Artistas e Produtores Negros está a mais de 8 meses em avaliação, e nós não organizamos para cobrar do poder público uma posição. Sim, precisamos fazer mais barulho, pois novos editais estão sendo lançados e nosso continua sem resposta, e nós estamos aqui desarticulados esperando em silêncio.


Descrevi muito brevemente o processo para chegar até aqui porque foi meu primeiro aprendizado, e foi um grande aprendizado, dois meses de muitas lutas, muita ansiedade, muitos talvez, muitos nãos, e alguns “sims” que me trouxeram até aqui...


Agradeço a rede que se constituiu e abraço a causa de lutar pelas políticas públicas voltadas para a pesquisa e promoção da cultura negra no Brasil. Quem abraça comigo?



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